quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Andalucía Bike Race – Dia #5 ou “Uma rainha doce”

Hoje disputámos aquela que era intitulada de etapa “rainha”. 
Regra geral dá-se este nome à etapa mais dura de uma competição. O que me deixou bastante apreensivo e até com algum receio. Tendo como exemplo as etapas que já fizemos, todas elas duríssimas, se esta era a mais dura e técnica... “Jasus!!” Preparei-me psicologicamente para tudo!
Eu e o Zé combinámos cumprir esta etapa com o único objectivo de não arriscarmos absolutamente nada, para não sofrermos quedas ou avarias. Tínhamos mais de meia hora de avanço sobre a segunda equipa Master-40. Tempo mais que suficiente para fazer esta etapa de forma minimamente descontraída.
A partida foi dada do centro da cidade de Córdoba. Foi a primeira vez que fizemos uma partida simbólica, ou seja, até sairmos de Córdoba fomos em ritmo controlado por uma viatura da policia e não a podíamos passar. Isto originou uma tremenda tensão e confusão! Enquanto nas etapas anteriores a saída foi a “dar gás” de imediato, estirando completamente o pelotão, hoje como o ritmo nos primeiros 3-4km foi muito suave, todos queriam se colocar na frente do enorme pelotão, para quando a viatura se desviasse, estivessem bem colocados de forma a entrarem nos trilhos o mais à frente possível.

Foi a partida mais perigosa desta Andalucia Bike Race. Ciclistas a saltar rotundas, encostos de guiadores, travagens a fundo.... Ufa! Já parecia a chegada ao sprint de uma etapa da Volta a Portugal!
Ao sairmos de Córdoba, entrámos quase de imediato numa subida complicada, com cerca 5-6km e toda em pedra. Estava mesmo a prever que a etapa iria ser toda assim!
Quando terminámos esta subida entrámos num outro cenário, completamente diferente. Um cenário que me parecia familiar. Uma zona de bosque, muito verde. No solo a pedra quase tinha desaparecido, dando lugar à terra castanha compacta, com muita folhagem. Apenas o trilho por onde parece ser hábito passarem bicicletas estava mais limpo e polido. Caramba, isto parece-me mesmo a Serra da Sintra!
Lembram-se com que frase terminei a crónica de ontem? “Que saudades eu tenho de Sintra!” Será que alguém tinha ouvido as minhas preces? 


Andámos muitos quilómetros a serpentear em singles nesta mata. E acreditam que eu estava-me a divertir? Singles sem drops, pedras ou raízes molhadas! Ou seja, feitos de encomenda para mim  Yeahhh, afinal até gosto de singles!!!

Desfrutei cada momento daquela primeira metade da etapa, pois se era mesmo a etapa “rainha”, o castigo devia estar reservado para a segunda metade. Continuava preparado para tudo.
Com 1h46 de prova, a corrente da bicicleta do José Rosa parte. Em cerca de 5 minutos resolvemos a avaria. Mas entretanto passa a segunda equipa – os Buff, um dos elementos desta equipa participou também na Titan Desert que eu venci, em 2011. 

Depois da corrente consertada fomos na perseguição aos Buff. Em pouco mais de 5 minutos os apanhámos, e passámos diretos. Não é que fosse muito importante, mas estando na frente da corrida (master40, claro) é mais fácil controlar os adversários. Rapidamente nos distanciámos, e quando me apercebi que já tínhamos uma vantagem confortável, comecei a dizer ao José Rosa para ir com mais calma. Como referi nas crónicas anteriores, o Zé anda eufórico e super-motivado. Muitas vezes isso leva-nos a cometer erros, sobretudo por excessos. Hoje tive que o avisar mais de uma vez. Julgo que ele só conhece um ritmo de andamento, o 75% wink emoticon
Os quilómetros foram passando, e o cenário ora parecia a Serra de Sintra com singles entre vegetação densa, ora parecia o nosso Alentejo, num sobe e desce constante entre oliveiras. Quanto à famosa e temida pedra. Nem vê-la!
Só mais perto do final da etapa, talvez nos últimos 20km, é que apanhámos alguns trilhos em terreno rochoso, mas fazia-se relativamente bem, pois não estava molhado e não era pedra solta.
Resumindo, se esta foi realmente a etapa “rainha”, então há rainhas doces. Apesar do meu joelho se ter queixado com a quilometragem desta etapa (86km), foi a que mais me diverti e prazer me deu fazer.
Quando chegamos à meta estávamos convencidíssimos que tínhamos ganho também esta etapa. Mas não! Pelos vistos, no momento que estávamos a consertar a avaria, não passou uma equipa, mas sim duas! Apanhámos uma, ou seja, a segunda equipa classificada, mas não apanhámos uma outra espanhola. Esta chegou á nossa frente com cerca de 4 minutos de avanço. Mas está muito atrasada na classificação geral (cerca de 2h30). 

Hoje não subimos ao pódio como vencedores da etapa, mas “apenas” como líderes da classificação geral. E ainda ampliámos a vantagem em mais 11 minutos para os Buff.

Amanhã, FINALMENTE, será a última etapa desta edição da Andalucia Bike Race. Os últimos 55km de prova, e pelo que dizem, muito técnicos. Mas com uma vantagem de 44 minutos, temos tempo para tudo, menos para cair ou sofrer uma avaria irreparável. Infelizmente nesta modalidade acontece muito disto. Nem sempre ganham os fisicamente mais aptos. Basta olharem ao que se está a passar na luta pela classificação Elite Masculina. Primeiro a equipa Extremadura perde a liderança por uma avaria, e hoje foi a Seleção Nacional a ter esse infortúnio.
Até amanhã 

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