sábado, 28 de fevereiro de 2015

Andalucia Bike Race - Video da última etapa

Finalmente, já está online o video referente à última etapa da Andalucía Bike Race!
A câmara foi fixa no guiador da minha bike, e dá para ver os momentos de tensão dos primeiros kms ainda dentro da cidade de Córdoba, assim como algumas passagens por vários tipos de terreno durante esta etapa. Filmei também o momento que cortámos a meta e nos sagrámos vencedores na categoria master-40.
Durante o dia de hoje (sábado) publico a última crónica desta nossa aventura.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Andalucía Bike Race – Dia #5 ou “Uma rainha doce”

Hoje disputámos aquela que era intitulada de etapa “rainha”. 
Regra geral dá-se este nome à etapa mais dura de uma competição. O que me deixou bastante apreensivo e até com algum receio. Tendo como exemplo as etapas que já fizemos, todas elas duríssimas, se esta era a mais dura e técnica... “Jasus!!” Preparei-me psicologicamente para tudo!
Eu e o Zé combinámos cumprir esta etapa com o único objectivo de não arriscarmos absolutamente nada, para não sofrermos quedas ou avarias. Tínhamos mais de meia hora de avanço sobre a segunda equipa Master-40. Tempo mais que suficiente para fazer esta etapa de forma minimamente descontraída.
A partida foi dada do centro da cidade de Córdoba. Foi a primeira vez que fizemos uma partida simbólica, ou seja, até sairmos de Córdoba fomos em ritmo controlado por uma viatura da policia e não a podíamos passar. Isto originou uma tremenda tensão e confusão! Enquanto nas etapas anteriores a saída foi a “dar gás” de imediato, estirando completamente o pelotão, hoje como o ritmo nos primeiros 3-4km foi muito suave, todos queriam se colocar na frente do enorme pelotão, para quando a viatura se desviasse, estivessem bem colocados de forma a entrarem nos trilhos o mais à frente possível.

Foi a partida mais perigosa desta Andalucia Bike Race. Ciclistas a saltar rotundas, encostos de guiadores, travagens a fundo.... Ufa! Já parecia a chegada ao sprint de uma etapa da Volta a Portugal!
Ao sairmos de Córdoba, entrámos quase de imediato numa subida complicada, com cerca 5-6km e toda em pedra. Estava mesmo a prever que a etapa iria ser toda assim!
Quando terminámos esta subida entrámos num outro cenário, completamente diferente. Um cenário que me parecia familiar. Uma zona de bosque, muito verde. No solo a pedra quase tinha desaparecido, dando lugar à terra castanha compacta, com muita folhagem. Apenas o trilho por onde parece ser hábito passarem bicicletas estava mais limpo e polido. Caramba, isto parece-me mesmo a Serra da Sintra!
Lembram-se com que frase terminei a crónica de ontem? “Que saudades eu tenho de Sintra!” Será que alguém tinha ouvido as minhas preces? 


Andámos muitos quilómetros a serpentear em singles nesta mata. E acreditam que eu estava-me a divertir? Singles sem drops, pedras ou raízes molhadas! Ou seja, feitos de encomenda para mim  Yeahhh, afinal até gosto de singles!!!

Desfrutei cada momento daquela primeira metade da etapa, pois se era mesmo a etapa “rainha”, o castigo devia estar reservado para a segunda metade. Continuava preparado para tudo.
Com 1h46 de prova, a corrente da bicicleta do José Rosa parte. Em cerca de 5 minutos resolvemos a avaria. Mas entretanto passa a segunda equipa – os Buff, um dos elementos desta equipa participou também na Titan Desert que eu venci, em 2011. 

Depois da corrente consertada fomos na perseguição aos Buff. Em pouco mais de 5 minutos os apanhámos, e passámos diretos. Não é que fosse muito importante, mas estando na frente da corrida (master40, claro) é mais fácil controlar os adversários. Rapidamente nos distanciámos, e quando me apercebi que já tínhamos uma vantagem confortável, comecei a dizer ao José Rosa para ir com mais calma. Como referi nas crónicas anteriores, o Zé anda eufórico e super-motivado. Muitas vezes isso leva-nos a cometer erros, sobretudo por excessos. Hoje tive que o avisar mais de uma vez. Julgo que ele só conhece um ritmo de andamento, o 75% wink emoticon
Os quilómetros foram passando, e o cenário ora parecia a Serra de Sintra com singles entre vegetação densa, ora parecia o nosso Alentejo, num sobe e desce constante entre oliveiras. Quanto à famosa e temida pedra. Nem vê-la!
Só mais perto do final da etapa, talvez nos últimos 20km, é que apanhámos alguns trilhos em terreno rochoso, mas fazia-se relativamente bem, pois não estava molhado e não era pedra solta.
Resumindo, se esta foi realmente a etapa “rainha”, então há rainhas doces. Apesar do meu joelho se ter queixado com a quilometragem desta etapa (86km), foi a que mais me diverti e prazer me deu fazer.
Quando chegamos à meta estávamos convencidíssimos que tínhamos ganho também esta etapa. Mas não! Pelos vistos, no momento que estávamos a consertar a avaria, não passou uma equipa, mas sim duas! Apanhámos uma, ou seja, a segunda equipa classificada, mas não apanhámos uma outra espanhola. Esta chegou á nossa frente com cerca de 4 minutos de avanço. Mas está muito atrasada na classificação geral (cerca de 2h30). 

Hoje não subimos ao pódio como vencedores da etapa, mas “apenas” como líderes da classificação geral. E ainda ampliámos a vantagem em mais 11 minutos para os Buff.

Amanhã, FINALMENTE, será a última etapa desta edição da Andalucia Bike Race. Os últimos 55km de prova, e pelo que dizem, muito técnicos. Mas com uma vantagem de 44 minutos, temos tempo para tudo, menos para cair ou sofrer uma avaria irreparável. Infelizmente nesta modalidade acontece muito disto. Nem sempre ganham os fisicamente mais aptos. Basta olharem ao que se está a passar na luta pela classificação Elite Masculina. Primeiro a equipa Extremadura perde a liderança por uma avaria, e hoje foi a Seleção Nacional a ter esse infortúnio.
Até amanhã 

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Andalucía Bike Race – Dia #4 - “Os meninos não me deixam brincar com eles!!”

Hoje a etapa começou e terminou num “pueblo” a cerca de 20km de Jaén, de nome Mancha Real. Mas à semelhança de Jaén, tudo à volta são montanhas, algumas delas com um manto branco no seu cume. Segundo o gráfico da etapa de hoje, iriamos chegar aos 1500 metros de altitude. Eu e o Zé, quando seguíamos de carro para a partida, pusemo-nos a adivinhar qual daqueles cumes à vista teríamos que subir...e descer.
Foi a etapa mais curta desta edição da Andalucia Bike Race. Mas mais uma vez, foi a que mais me custou passar até agora. Significa que o nível de cansaço físico mas também mental aumenta de dia para dia. A etapa anterior deixou-me o corpo bastante maltratado. Não só pela queda que dei ao atravessar a tal ponte de metal a 2km da chegada, mas sobretudo pelos muitos metros ou possivelmente até quilómetros que andei em vez de pedalar, em descidas com mais de 30% de inclinação e com pedras escorregadias à mistura.
Hoje de manhã sentia praticamente todos os músculos do meu corpo. Quando digo “sentir” refiro-me a dor. Pernas, costas e até braços! Quase não sabia andar, ou como se costuma dizer, hoje tinha um andar novo!:) 

Mas o que mais me preocupava era o joelho direito. O mesmo que sofreu um traumatismo na Brasil Ride 2013, tinha sofrido um novo embate na queda de ontem! Estava na expectativa como iria se comportar durante a etapa de hoje.
Sento dor mas deu para a gerir. Não sei se a dor que sinto foi deste embate ou se agravou a lesão anterior. Só daqui a uns dias saberei.
A etapa começou às 10h00. Um lindo dia de sol, mas muito frio. Cerca de 4ºC. Antes da partida andávamos todos à procura de sol.

O arranque mais uma vez foi...”nas horas do ca..tano!”. Os primeiros 4km em asfalto, mas em subida. Mal virámos para a mata, começa confusão! Todos com uma falta de ar, como se a etapa terminasse ali à frente! Muitos desses participantes com “falta de ar” já estão com mais de uma hora de atraso na classificação. Confesso que hoje não estava mesmo com paciência para disputar os melhores lugares ou trajetórias. Acho que me esqueci de ligar o “chip” de competição. Deixava passar toda a gente e nem reclamava. Só não queria era cair de novo. Este comportamento terá sobretudo a ver já com algum cansaço mental mas também com uma boa dose de frustração.
Em criança, como a maioria da minha geração, passava quase todo o meu tempo livre na rua, agarrado a uma bicicleta.
Uma bicicleta de menina, comprada em segunda mão, mas alterada para BMX. Era a minha companheira de aventuras e diabruras. Fazia tudo com ela, e era malabarista. Fazia descidas dignas de um trilho de Downhill, e andava com a roda da frente no ar o tempo que eu quisesse. Drops com menos de um metro de altura nem dava para aquecer! Isto até aos meus 13 anos de idade. Depois virei para o ciclismo de estrada. As capacidades físicas melhoraram consideravelmente, mas a técnica, essa, perdia praticamente toda.
Só há cerca de 6 anos é que comecei a utilizar uma bicicleta, que não de roda fina de forma mais assídua. Isto já com 39 anos de idade. Mesmo assim, com o passar do tempo, a minha técnica e confiança melhoraram bastante, e posso até dizer que não ficava envergonhado em qualquer maratona de nível nacional, mesmo nas mais técnicas. Mas o ano passado dei um grande passo atrás. Ao decidir preparar-me e participar de novo na Volta a Portugal em Bicicleta (de roda fina), coloquei a BTT de lado praticamente todo o ano de 2014. Dediquei-me exclusivamente ao treino para provas de estrada. Acreditem que isto foi o suficiente para perder completamente a confiança em cima de uma BTT! Não digo que voltei à estaca ZERO, mas estou lá perto.
A minha “sorte” é que as minhas capacidades físicas compensam em grande parte a falta de técnica. Pode parecer-vos presunção da minha parte, ainda mais que neste momento somos líderes (master-40) da ABR, mas acreditem que ainda estou longe da minha melhor forma física para o BTT. Tanto é que ao quarto dia já me doem quase todos os músculos do meu corpo! Em boas condições isso não aconteceria.
O facto de eu estar a aguentar o ritmo do meu colega José Rosa, que se tem aplicado seriamente nos treinos, e de estarmos com uma vantagem superior a meia hora para a segunda equipa, tem a ver sobretudo com as minhas capacidades físicas natas, ou genética, como queiram chamar. Mas ter vindo para a ABR com alguma falta de treinos e sobretudo ritmo de competição, faz com que eu de dia para dia vá sentido cada vez mais dificuldades em recuperar, ao passo que o meu colega quase não tem sentido quebra.
Moral da história: podes ser um dotado, mas se não treinares, vais sofrer, muito!
Pois, é o que me está acontecer nesta prova. Possivelmente uma das mais duras do mundo! E quando não estás bem fisicamente, o psicológico também se vai abaixo. E nem mesmo o facto de sermos líderes me tem dado ânimo!
Estou farto desta prova!
Por falta de confiança, porque não me divirto onde toda a gente parece se divertir, e como se não bastasse, agora também porque me dói o joelho!
Por outro lado, tenho noção que esta prova é importante para a nossa preparação para a Absa Cape Epic, e mais importante ainda, porque o meu companheiro está a ter uma oportunidade única, julgo eu, em toda a sua longa carreira como atleta. Ser líder de uma prova por etapas, e ainda mais internacional. Será por esta razão que o José Rosa anda eufórico e com uma moral do tamanho do mundo  O meu receio é que esta euforia nos leve a cometer excessos ou erros que ponham em risco a nossa participação na Cape Epic.
Estou sempre a relembra-lo que já temos os bilhetes comprados para a Cidade do Cabo, e que esse é o nosso principal objectivo, e que a ABR seria só para virmos treinar e desfrutar as paisagens.
A etapa de hoje terá sido pura diversão para os puros betetistas. Cerca de 30-40% da etapa era composta de single-tracks. E para todos os gostos. A subir com degraus em pedra, a descer com drops em pedra, a descer no meio do pinhal com curvas em cotovelo, ...
Eu parecia aqueles putos a queixar que “os meninos não me deixam brincar com eles!”. Acho que era o único que queria subidas longas em estradão ou descidas muito rápidas.
Mesmo com esta tão grande falta de vontade, acabámos por vencer também esta etapa. Mas desta vez com “apenas” 4 minutos de vantagem. A vitória de hoje é, em grande parte, “culpa” do José Rosa. A minha vontade hoje não era mesmo nenhuma. É por estas e por outras que serve uma equipa. Há sempre um elemento em condições para levar o barco a bom porto 
Amanhã temos mais uma longa etapa. 86km mas “só” com 2.000 de desnível acumulado. Se aquilo que me têm dito sobre a etapa estiver correto, será mais uma filme de terror para mim.
Ai que saudades que tenho de Sintra...e de um bom vinho tinto ao jantar!! tongue emoticon


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Andalucia Bike Race - Dia #2 "Pré-lavagem"


E pronto, cá estou eu de novo, o que significa que pelo menos sobrevivi à etapa de hoje.
Mas posso vos dizer que já tive melhores dias. Aliás, acho que até posso dizer que há mais de um ano que não tinha um dia pior que este! E o que me preocupa mais é que, pelo que me disseram por quem já fez edições anteriores desta prova, o pior (pelo menos para mim) ainda está para vir!
A etapa de hoje começou da maneira habitual, ou seja, rápida e logo com uma “boa” subida nos primeiros 20 quilómetros. Para a Team GoldNutrition/Portugal, ou seja, para mim e para o José Rosa, até é a melhor maneira de começar as etapas, pois ganhamos logo um avanço considerável face à concorrência e que nos permite depois, nos trilhos mais técnicos, não arriscar tanto. E assim foi, no primeiro posto de cronometragem, que ficava muito quase no final da primeira subida, ao km23, já levávamos mais de 6 minutos para a segunda equipa Master. 
Mas já nessa subida, sobretudo nos últimos 5km o verde da vegetação e das árvores começou a dar lugar ao cinzento das pedras. Parecia que estávamos a entrar noutro planeta. Esta subida que até aí era quase toda ela composta por estradões, por vezes rampas com mais de 15-20%, começou a estreitar até caber apenas ...meio pneu da bicicleta. Além da habitual dificuldade que é subir, juntou-se a agravante de fazer equilibro em cima da bike, e por vezes transpormos algumas pedras mais altas. Isto tudo quando já vínhamos a subir há mais de 45 minutos. A reação e o discernimento já não abundam, e a força de braços e pernas também já escasseia.
Como se não bastasse, as minhas costas, sobretudo zona lombar também já se queixava. Mas enquanto era a subir, e apesar do sofrimento inerente, estávamos em vantagem sobre os adversários, e o risco de cair e me magoar era quase nulo. A velocidade também era menor. Mesmo assim ainda virei a cabeça para a direita e tirei as medidas ao precipício que estava ali a cerca de 20 centímetros de nós.
Mas bem pior, pelo menos para mim, foi quando o terreno mudou o seu ângulo de positivo para negativo! Ah, e as pedras? Pareciam rebentos a nascer do solo! Como alfaces, fresquinhas e húmidas! Só que bem mais rijas e pontiagudas!  Aliás, podem ver o video que publiquei no meu canal Youtube que mostra um pouco dessa descida (http://youtu.be/jgjPClnc9Pw?list=PL746CFDFD01882AE8).
Bem, acho que não preciso de voltar a dizer que sou “pato bravo” no BTT. Admito! Não sei controlar a bicicleta em trilhos técnicos.
Nesta primeira descida técnica, que teria uns 4 km, devo ter feito 3km em cima da bike, e 1km ela em cima de mim. Bendita hora que me lembrei de trocar de sapatos! Hoje, em vez dos Scott Premium que têm uma sola com índice 10 de rigidez, e pouca borracha, optei pelos Scott RC, que têm mais sola e menos rigidez. Senão acho a única forma de fazer aquela descida seria a rebolar. Mesmo assim sofri uma queda, mas sem consequências. Mas confesso que fiquei agradado quando não fui só eu a ter dificuldades e a cair nesta descida. Sempre atenua um pouco o meu fardo de ser “aselha” 
O meu colega caiu duas vezes nesta descida, mas acho que levantou-se mais rápido com que caiu, lol.
A segunda metade da etapa já era tecnicamente mais acessível, mas por incrível que pareça ainda conseguiram aumentar o grau de exigência física. Rampas com mais de 20% em piso irregular e com pouca aderência!
Algumas vezes o esforço para pedalar era tanto que compensava mais subir a pé. Eu que até gosto de subir, confesso que já estava farto! Queria descidas em estradões e ver Jaén o mais rápido possível. 
A cerca de 20km da chegada, esse desejo foi-me satisfeito. Uma descida com cerca de 12km em gravilha solta foi feita a alta velocidade. Nas curvas em gancho ainda me fugiu a roda da frente duas ou três vezes, mas comparado com aquilo que tinha passado cerca de duas horas atrás, até me deu alguma pica, já que era um risco mais controlado.
Os últimos 5km eram exatamente iguais aos das etapas anteriores. A cerca de 2km da chegada, passávamos uma ponte metálica que ligava as extremidades de um riacho. Sorte ou aselhice a minha, o meu pedal direito bate numa estaca que estava à entrada dessa ponte. A bicicleta dá uma guinada e aí vai o Vitor ao rio! A queda não foi mais que de um metro de altura, mas a água estava gelada!
Rapidamente me levanto e confirmo se estou inteiro. Bem, já estive melhor! O meu joelho direito ficou raspado, e....começo a rir. A parte da frente dos meus calções tinha simplesmente desaparecido! Nessa altura já não sabia se havia de rir ou de chorar. Rir porque não sabia como iria fazer os 2km que faltavam da etapa sem dar muito nas vistas (para quem não sabe, os ciclistas não usam cuecas por debaixo dos calções), ou chorar porque tinha caído mais uma vez para direita e o joelho magoado era o do costume.
Montei-me em cima da bicicleta, o José Rosa e o Milton Ramos, este tinha sido alcançado por nós a 10km da chegada, perguntam-me se está tudo bem, mas a rir! Não os critico, porque eu também ria a bom rir.
Felizmente levava uma camisola interior da Compressport, que são muito compridas e elásticas. Puxei a camisola para baixo o máximo possível, e enrolei o meu “abono de família” smile emoticon E fiz assim o resto da etapa, rezando para que não me tirassem muitas fotos. 
Mal cortei a meta, fui de imediato buscar o meu saco para vestir umas calças que estavam preparadas para ir ao pódio.
Ao trocar de roupa apercebi-me também que aquela ida ao rio tinha servido de pré-lavagem, pois a roupa estava quase limpa. 
Ah, para os mais curiosos. O meu “abono de família” parece que está bem. Apenas uns pequenos arranhões 
Mais alguns pontos:
1º No que respeita à parte mais desportiva, apesar de tudo voltámos a vencer a etapa e ampliámos a nossa vantagem para cerca de 25 minutos. Por aqui tudo bem.
2º Andalucia Bike Race é outra prova a não repetir. Quem gosta de técnica ao limite (no que respeita a maratonas), aconselho. Se forem como eu, em que preferem dar prioridade à parte da performance física, hummm, há outras aventuras bem mais interessantes.
3º José Rosa: aquela máquina! Já chegámos á conclusão que ele sofre mais na minha roda do que se for ele a puxar. Resultado: numa etapa como a de hoje, que teve 75km, ele puxa uns 50km, e eu os outros 25.
Amanhã a etapa tem “apenas” 50km e ...2017 de subida acumulada. E segundo as previsões, a tendência é a exigência técnica ser cada vez mais alta à medida que os dias vão passando! Mais ainda?!





domingo, 22 de fevereiro de 2015

Andalucia Bike Race - Dia #1 "Cozido à Portuguesa"

Andalucía Bike Race – Dia #1 ou "Cozido à Portuguesa"
O dia começou bem cedo! Às 6 da manhã (5h em Portugal) toca o despertador, e às 6h20 já estávamos no pequeno-almoço. O habitual – fruta, pão, presunto, queijo fresco, café e iogurte.
Ás 7h45 saímos do quarto para prepararmos e verificarmos se estava tudo ok com as Scott. Ao contrário das equipas que trouxeram staff, nós tivemos que ir até ao local de partida de bicicleta, ou seja, fizemos um aquecimento de 7km. 
A partida estava (des)organizada por boxes. Primeira box para os elites masculinos, a segunda para as elites femininas, terceira para os masters A, quarta para nós, os masters B, e por ai adiante. Só que não havia comissários ou quem quer que fosse a controlar a entrada nas boxes. Uma falta de respeito irmos meia hora mais cedo, parados a apanhar frio para sermos dos primeiros a entrar na nossa box, e depois, perto da hora da partida virem alguns “chicos espertos” e entrarem nas boxes que não lhes correspondiam, mais à frente! Parece uma insignificância, mas só para terem uma ideia, do ponto onde estávamos, demorámos um minuto até cruzarmos a linha de partida, e mais de 500 atletas à nossa frente.
Deu-se o tiro de partida, com cerca de 10 minutos de atraso, e lá fomos nós tentar ultrapassar o máximo de equipas que conseguíssemos. Eu tenho alguma facilidade em saídas rápidas e passar pelo meio de muitos atletas. O meu colega José Rosa, é mais um motor a diesel, e precisa de quase uma hora para se sentir no total das suas capacidades. Utilizámos a mesma táctica que eu e o José Silva já tínhamos utilizado na Transalp 2011. Nos primeiros quilómetros tentava-me colocar o mais á frente possível, e depois o meu colega, mais forte em distâncias mais longas, num ritmo mais progressivo iria ao meu encalço. Assim não perdemos tempo à espera um do outro nos primeiros quilómetros. Claro que há sempre o risco de acontecer qualquer coisa ao meu colega durante os primeiros kms e eu não me aperceber. Terá sido o que aconteceu com a dupla nacional Ruben Almeida e Mário Costa. O Mário teve uma avaria aos 3km de prova e o Ruben só se apercebeu uns 10kms depois ☹
Já o disse, e volto a repetir que o objectivo desta nossa participação na Andalucia Bike Race é sobretudo para preparar a Absa Cape Epic. As minhas sensações e prestação física nas últimas duas semanas de treino não foram nada boas. Por outro lado o José Rosa tens estado fortíssimo e moralizado. As maratonas que já participou este ano, venceu-as todas!
Preciso de ritmo de competição! E estes 6 dias duros vêm mesmo a calhar. 
Mas logo nos primeiros quilómetros da etapa, apercebi-me que estava com facilidade na pedalada, e a minha respiração não tinha nada a ver com a dos treinos. Mas fiz a etapa sempre com receio de quebrar ou sentir cãibras na parte final.
Em relação ao Zé, sempre aquela máquina! Passada a primeira hora de prova em que ele sente mais dificuldade, parecia um trator! Fomos saltando de grupo em grupo, até deixarmos de ver dorsais amarelos (Masters-30), e verdes (masters-40). A partir do meio da etapa, já só víamos os dorsais dos prós e dos “putos” elites. Claro que isso deu-nos moral, e mesmo nunca arriscando muito nas descidas mais complicadas, chegámos à meta em primeiros da categoria master-40 com quase 10 minutos de avanço sobre a 2ª e 3ª equipa. Sinceramente fiquei espantado com a minha prestação.
Em relação ao Zé Rosa já sabia que ele ia estar forte. 
Não sabemos se vamos manter a liderança, e nem estamos preocupados com isso. Ao ganhar a primeira etapa e irmos ao pódio, já foi acima das nossas expectativas. Como costumo dizer, esta (vitória) já ninguém nos tira, e amanhã é outro dia 
Mas o dia não terminou ao cortar a meta. Longe disso. Mais uma vez, e ao contrário das equipas com uma estrutura, depois de irmos ao pódio, pedalámos em direção ao hotel. Mais 7km! E depois a rotina do costume. Tomar banho, esfregar, esfregar, esfregar a roupa. A lama aqui é daquelas que deixa marca.
Depois o lanche improvisado. Ups, esquecemos das colheres! Não faz mal , come-se a papa com as mãos tongue emoticon
Às 16h30 regressámos à zona da meta, mas desta vez de carrinha. Tínhamos a massagem marcada para as 17h30. Mas antes tínhamos que deixar as bicicletas no serviço de lavagem que a organização disponibilizou. Enquanto eles ficaram com as bikes, nós fomos à massagem. Ou melhor, meia hora de festinhas nas pernas!
Depois fomos buscar as Scott à lavagem. Ficámos estupefactos com a qualidade deste serviço! Tanto que tivemos nós que voltar a lavar as bikes numa estação de serviço!
Aqui já pensava: Irra, quando me vir deitado na cama até digo que é mentira!
Por volta das 18h45, e finalmente, já estava deitado. Mas...estava na hora do jantar! Ok, esta é das partes que não faço sacrifício 
Grande barrigada que apanhei! Até fomos em seguida beber uma “manzanilla” para ajudar a digestão.
E chegámos ao atual momento. Em que estou deitado na cama a escrevermos esta crónica. O meu colega já pestaneja com demasiada frequência, lol. 
Amanhã a partida será uma hora mais tarde 10h00, o que nos permite dormir mais uma hora. Yess!!! 
A etapa é também mais curta, mas não menos dura. Objectivo? Novamente, chegarmos ao fim inteiros. Hoje sofri apenas alguns arranhões, o normal do BTT 
Só para terminar. O prato do dia aqui em Jaén foi...Cozido à Portuguesa tongue emoticonAlém da vitória da Team GoldNutrition/Portugal em Master-40, o Luis Pinto vence em elites e equipa da seleção tuga composta por David Rosa e Tiago Ferreira, fazem segundo nesta mesma categoria wink emoticon Parabéns miúdos!
Até amanhã.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Andalucia Bike Race - Dia #0

ANDALUCIA BIKE RACE - DIA #0
Dia #0 da nossa aventura na Andalucía Bike Race. Quando digo nossa, refiro-me também ao meu “novo” parceiro José Rosa. Só não tiro o aspas do “novo”, porque já fomos colegas em 1993 e 1995, quando éramos ciclistas de estrada profissionais.
Para o José Rosa será uma estreia absoluta no que respeita a provas por etapas em BTT. Este grande ciclista dos anos 90, tem já no seu currículo 13 Voltas a Portugal e duas Voltas a Espanha, mas nesta vertente do ciclismo, é quase tudo novidade para ele. Daí o entusiasmo com que está a viver esta nova aventura.
Depois do longo dia de ontem, com uma viagem de 650km e um curto treino ao fim da tarde com pouco mais de uma hora, apenas para desentorpecer as pernas, hoje entrámos na habitual azáfama do dia pré-competição, ou como eu costumo intitular, o dia ZERO:
8h00 – Pequeno-almoço
9h45 – Fomos ter ao hotel onde está alojada a seleção nacional para treinarmos com eles
11h30 – Fim do treino
12h35 – Lavar as bicicletas numa estação de serviço perto do nosso hotel. Apesar de não termos apanhado chuva, a estrada estava muito molhada e suja.
13h00 – Duche, e lavámos a roupa do treino.
13h30 – Saímos para procurar um local para almoçar. Decidimos ir a um centro comercial, para aproveitarmos e comprar mantimentos para os lanches após as etapas.
14h00 – O shopping tinha apenas um restaurante - uma pizzaria. Tivemos que tirar senha e esperar cerca de 20 minutos até conseguirmos mesa! tongue emoticon
14h30 – Uma pizza “Quatro Estações” para cada um. Confesso que comia mais!
15h00 – Fomos ao supermercado comprar comida para os lanches – Bolos secos, cereais muesli, iogurtes naturais, bananas, presunto, e...bolachas tongue emoticon
16h00 – Fomos ao secretariado levantar a documentação e frontais e marcar os horários das massagens. Descobrimos que se quiséssemos o abastecimento que a organização serve no final das etapas tínhamos que pagar 60 Euros cada um de nós! Obrigado, mas vamos preferir o que comprámos no supermercado wink emoticon Ah, e se quiséssemos os perfis das etapas para colar no frontal da bicicleta, tínhamos que pagar mais 10 euros. Obrigado, mas eu aponto os kms com um marcador tongue emoticon
17h00 – Hora de fazer depilação à pernas. O meus pêlos já quase que davam para fazer tranças, lol
17h30 – Finalmente, estatelei-me na cama, com meia dúzia de bolachas na mão, e comecei a editar o vídeo do treino desta manhã  Mas a net aqui é tão lenta que duvido que o consiga publicar! ☹
19h15 – Jantar – Salada mista, massa e carne, iogurte natural, cheesecake e água
20h30 – Acabar de escrever esta crónica, enquanto faço figas para que o vídeo do treino da manhã seja descarregado para o Facebook...
22h00 – Dormir, porque amanhã o despertador toca às 6h00. O pequeno-almoço está marcado para as 6h30, e a partida para a primeira etapa será às 9h00.
\
Em relação a objectivos e expectativas para esta prova. A Andalucía Bike Race entra no nosso calendário sobretudo como parte da preparação para a Absa Cape Epic. Não temos grande ambição a nível de classificação. Fisicamente não me encontro muito bem. Falta-me muito ritmo de competição, pois este ano, em Janeiro, ainda só fiz uma maratona e tinha apenas 50km. O objectivo será concluirmos inteiros as 6 etapas desta prova de nível internacional, em que estão algumas das melhores equipas mundiais, nomeadamente a Team Merida, a Bulls, a Centurion, a Topeak, etc. etc. Será uma grande aventura partilhar os trilhos com estes nomes.
Amanhã conto-vos como foi 
Até amanhã.


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Muitos anos a virar frangos


Faltam 6 dias para a Andalucía Bike Race, e 27 para a Absa Cape Epic.
No que respeita a treinos, o prazo já terminou. Agora começam um período de recuperação e de seguida as competições de preparação para "ganhar" ritmo competitivo.

Não posso dizer que tenha sido a preparação perfeita, mas foi a possível dentro das condicionantes normais de um desportista amador que tem que conciliar a sua profissão, com o tempo para a família e os treinos. 

Mas não me estou a queixar, até porque me considero um privilegiado. Primeiro porque a minha entidade patronal apoia-me nestas aventuras. E segundo porque a minha família sempre me conheceu como atleta, estando portanto um pouco mais habituada a toda esta azáfama de treinos e ausências.
Para ser sincero, neste momento não me sinto em grande condição física. Não sei se será porque o meu organismo não assimilou da melhor maneira a carga de treinos que lhe dei, o que nem foi assim tanta, em relação a anos anteriores, ou se serão ainda mazelas da forte gripe que me apanhou há duas semanas. Estou a aguardar os resultados das análises sanguíneas que poderão ajudar na explicação destas sensações menos boas.
Os 5 dias de estágio que fiz na Serra da Estrela não correram da melhor maneira em termos de disponibilidade física. Pulso alto, respiração acelerada e os watts não saíam! Quando assim é, o melhor é mesmo não forçar. Optei por intercalar um dia de treino mais forte com um dia suave. 
Apesar de eu ser treinador já com muitos anos de experiência, o mais difícil mesmo é sermos treinadores de nós próprios! É difícil termos um raciocínio claro e objectivo.

Esta semana será totalmente tranquila, de forma a deixar recuperar o fisico para encarar da melhor maneira os 6 dias duríssimos da Andalucia Bike Race. Esta prova será encarada unicamente como preparação para o grande objectivo - Absa Cape Epic.
Apesar de fisicamente não estar como gostaria, a motivação continua em alta, e estou desejoso do tiro de partida em Jaén, já no próximo Domingo. 
Como eu costumo dizer: "são muitos anos a virar frangos", e não é uma fase menos boa que me vai desviar da minha missão.